quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

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Questão de perspectiva:

e o que pode ser mais profundo que a superfície?
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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Selvagem da Motocicleta

Filme de Francis Ford Coppola. O filme foi lançado no Brasil com o título: “O Selvagem da Motocicleta”, é um bom título. O título original é: “Rumble Fish”. Rumble pode significar “estrondo”, “ribombo”, “ruído”, e pode significar também “briga de rua”, ou “descoberta”. Fish pode significar “peixe”, ou também, como gíria, “prisioneiro”, “pessoa boba”, “vítima fácil”. Rumble fish é tudo isso.

Sinopse: O filme é em preto e branco. O estado de espírito do personagem principal também. O único momento em que as cores aparecem é quando as câmeras focalizam os peixes. Por quê?

Trailler: "Só porque uma pessoa tem uma visão de mundo diferente das pessoas em geral, não significa que ela seja louca. Uma percepção mais apurada não significa loucura. No entanto, às vezes, esta percepção apurada pode te levar à loucura. Ele apenas ganhou um papel na peça errada. Ele nasceu na época errada, do lado errado do rio. Com a capacidade de fazer o que quiser e sendo incapaz de encontrar algo que queria fazer. Você não me entende não é? Tenho certeza. Esta é a diferença!"

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aos sábios


Não fosse a loucura e a tolice, o que seria de vcs?

Ao Batman


Eu sou mais interessante que vc!

Uahuahuahuahuah

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Lars Von Trier: O Anti-cristo

Acho que duas coisas são capitais para a compreensão do filme: o conhecimento da psicologia do cristianismo, tecida por Nietzsche, e algumas propostas artísticas de Antonin Artaud. Vamos por partes.

------------------------------------ (i) ------------------------------------

O nome do filme é “O Anticristo”. Von Trier possuía conhecimento acerca da filosofia nietzscheana. Nietzsche possui uma obra chamada “O Anticristo”. É prudente, então, analisar o filme sob a ótica da psicologia do cristianismo apresentada por Nietzsche em obra homônima ao filme de Von Trier. A principal crítica de Nietzsche é acerca da inversão de valores promovida pelo cristianismo. Dois pontos desta crítica são representadas pelos personagens masculino e feminino (que não possuem nomes próprios). De um lado o ideal da razão altruísta e arrogante em sua tentativa de “enquadrar” as coisas em seu esquema de pensamento, o qual é representado pelo personagem do marido. De outro lado a sensibilidade culpada e doentia, representado pela esposa que concebe sua sexualidade sempre como algo maligno e cercada de imagens sombrias. Um caldeirão explosivo, certamente. Eis dois casos em que o ser humano vai de encontro a si mesmo: quando dedica mais atenção ao outro do que a si, e quando vai de encontro aos seus próprios sentimentos. Isto que é muito bem representado na figura da raposa que morde a si mesma enquanto afirma “O caos reina”. No filme de Von Trier, homem e mulher são duas faces de uma mesma moeda, daí porque seu relacionamento é marcado pela violência mútua um para com o outro. Violência essa que não é senão o reflexo externo da violência para consigo, isto é, do cristianismo arraigado em suas almas.

O filme traz ainda um outro problema: as mutações do cristianismo. De um lado temos as cenas da fogueira e dos manuais de caça às bruxas, do outro lada temos a versão moderna do padre: o terapeuta, o psicanalista. O terapeuta é o padre pós-moderno. Aquilo que morre no final do filme é o cristianismo, o homem que abandona seu altruísmo quando mata a esposa. Nesta cena se acabam as duas representações do cristianismo: o altruísmo e a culpa. Alguém tem que morrer: a interpretação cristão da vida. Daí porque a vida ressurge no final do filme. Um final com final feliz, diria eu...

------------------------------------  (ii)  -----------------------------------

Outro ponto importante para a compreensão do filme são as técnicas de encenação propostas por Antonin Artaud. Em seu artigo “Para acabar com as obras primas”, Artaud defende a concepção de uma arte que interaja psicologicamente com as pessoas. Segundo Artaud, deveríamos abandonar a concepção de teatro que coloca o público de um lado e o espetáculo do outro, deveríamos viver o teatro tal qual as sociedades primitivas o fizeram em seus rituais totêmicos, ou como a sociedade grega o fez nas dionisíacas. O teatro, segundo Artaud, deveria ter uma função terapêutica e promover uma espécie de catarse nas pessoas, para isso deveria condensar imagens fortes e com alto poder simbólico despertando reações inconscientes nas pessoas. Não discutimos aqui os riscos contidos em tal proposta, os quais são reconhecidos pelo próprio Artaud. Mas gostaríamos de apontar para as semelhanças entre a técnica proposta por Artaud e os recursos utilizados por Von Trier. Aliás, Von Trier já aplicou técnicas de hipnose em um de seus filmes, para facilitar a concentração do espectador. Em outra ocasião - em Dogville - se utilizou de uma voz em off, conduzindo a atenção do espectador tal qual num processo hipnótico. Comumente Von Trier retira de seus filmes todo elemento superficial à trama, chegando inclusive a retirar o cenário de Dogville e a retirar os nomes próprios em “O Anti-cristo”, facilitando assim que a história se passe num nível inteiramente psicológico. Sobre o Anti-cristo Von Trier dirá: “foi como uma terapia”. Considerando-se as semelhanças com as propostas de Artaud e o histórico do diretor, há de se considerar que um método de exegese que apenas busque pelos significados não poderá dar conta do filme. É necessário mais do que isso. O filme é literalmente para ser sentido, “para provocar transes”, como diria Artaud. A pergunta para o filme de Von Trier não é “o que quer dizer?” mas “o que quer fazer?” ou “o que quer destruir no inconsciente do respeitável público?”. O filme de Von Trier não é concebido como uma obra passiva diante do espectador, muito pelo contrário, ele é concebido para agir no espectador, daí porque um método de exegese comum será sempre raquítico diante de "O Anti-cristo". O filme exige um método que dê conta de sua atividade, e com isso requer, também, um outro tipo de racionalidade, menos cristã talvez...

Fênix

Agonia diante da morte,

Pássaro na casca do ovo:

Estou aqui!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010


Quarto escuro,

o louco canta:

eu danço.

The fool

O LOUCO é um andarilho, enérgico, ubíquo e imortal. É o mais poderoso de todos os Trunfos do Tarô. Como não tem número fixo, está livre para viajar à vontade, perturbando, não raro, a ordem estabelecida com as suas travessuras. Como vimos, o seu vigor o impulsionou através dos séculos, onde ele sobrevive em nossas modernas cartas de jogar como o Coringa. Aqui ainda se diverte confundindo o Estabelecimento. No pôquer fica louco, capturando o rei e toda a sua corte. Em outros jogos de cartas surge quando menos se espera, criando deliberadamente o que decidimos denominar um erro de carteio.

NICHOLS, S. Jung e o Tarô: uma jornada arquetípica.